CUTI. Poemaryprosa. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2009. 80p.
(trecho)
venha o nado dos dedos
aquietar-se em meio
à auréola macia
noturnando a cabeça
ternuras a fio fino
de infinitudes espirais
bicho-da-seda
em finíssima beleza
e caminhos
de cafunés e desejos crespos
delícia
de amar
curtir
e sentir-se
plenamente negro
enquanto vociferam o medo do castigo e o cultivo da vingança do tal todo-poderoso dito invencível nos próprios desígnios de nos matar os passos. tiro-me os cravos. depois te destravo. sexsuamos em meditação. a toda-amorosa, com humildade e sem abismos, nos socorreria. mesmo no delírio dos povos, se existisse seria deusa e nos moveria os passos para
imemorial moringa que nos molha
arrasta todo abrigo de fuga
instaura o absoluto em flor
inflamação dos contrastes
entre os enamorados
doce delinqüência afetiva
atinente a tudo e todos
rompe o sinal fechado:
não diga
não precisa dizer com quem dormiu esta noite
além do ser amado
não precisa dizer que não há apenas um a preencher todo o vazio do outro